Um mago deve cultivar o silêncio, fonte poderosa e sagrada de paz e de sabedoria. Devemos aprender a amar o silêncio e nos habituarmos a ele para recebermos seus benefícios. Esse cuidado com o silêncio é parte essencial para dominar a magia que habita em nós. Vejamos o porquê:
Numa conversa, ganha muito mais aquele que ouve mais e fala só o necessário. Não sejamos o falastrão que esbanja palavras desnecessárias freneticamente. Observar, escutar e ponderar tudo em silêncio são práticas almejáveis que nos permitem ampliar o conhecimento, a visão de mundo e, quem sabe, a sabedoria.
O falastrão, atrai para si muitos olhares e, dessa forma, gera nos ouvintes humores e sentimentos variados, bons e ruins. Ainda mais, se aquilo que se fala é desordenado. Essas energias são direcionadas ao mago com olhares, palavras e atitudes e se ele não tem a habilidade de dissipá-las, como é bastante frequente, está em grande perigo, submetendo-se às vontades dos outros. Será, pois, necessária esta mudança de comportamento: ser reservado e sutil nas conversas e nas encrencas. Isso não significa ficar mudo e não dizer sequer uma palavra, mas sim, escolher com cuidado aquilo que será dito. É um processo, uma prática.
Se falamos de mais, nossas palavras perdem todo seu poder. Porque só pode ser notado aquilo que não é frequente, como uma grandiosa árvore que cresce solitária no topo de uma colina, sob a qual os namorados vão se encontrar para admirarem o derredor. Assim é com nossas palavras: só surtem efeito se são circundadas pelo silêncio, pois somente assim são relevantes. Utilizar-se bem das palavras é um dom e uma arte. Busquemos sempre o aperfeiçoamento da arte da fala na literatura e poesia clássica, com leituras leves e difíceis, procurando distinguir os significados e a origem das palavras. A magia das palavras é inseparável da magia do silêncio.
O barulho, a conversa fútil, a musica desagradável e tudo o mais que vale menos que o silêncio deve ser evitado. Saibamos distinguir o que vale a pena ser visto e ouvido. A sociedade em que vivemos elogia o tipo extrovertido e vê o introvertido como uma figura doente. Esperam que você seja mais um extrovertido e existe pressão para que você se conforme ao padrão. Existem pessoas, que, de fato, foram dotadas do carisma. A facilidade que possuem para estabelecerem laços sociais é natural. Mas para boa parte das pessoas, não é natural essa habilidade e forçá-la, para atender as demandas dos outros, só trás aflição e sofrimento. Fazer aquilo que esperam de você, é ser dominado. Dominar a si mesmo para servir aos desígnios dos outros é estar bem longe do domínio de si.
Para criar e transformar, necessitamos purificar, isto é, livrar-se daquilo que está em nós sem o nosso consentimento ou que foi consentido más que em nada irá contribuir para o objetivo almejado. O silêncio é uma dessas purificações tão oportunas da magia.