domingo, 24 de maio de 2020

Os benefícios do silêncio

          Um mago deve cultivar o silêncio, fonte poderosa e sagrada de paz e de sabedoria. Devemos aprender a amar o silêncio e nos habituarmos a ele para recebermos seus benefícios. Esse cuidado com o silêncio é parte essencial para dominar a magia que habita em nós. Vejamos o porquê:

          Numa conversa, ganha muito mais aquele que ouve mais e fala só o necessário. Não sejamos o falastrão que esbanja palavras desnecessárias freneticamente. Observar, escutar e ponderar tudo em silêncio são práticas almejáveis que nos permitem ampliar o conhecimento, a visão de mundo e, quem sabe, a sabedoria.

          O falastrão, atrai para si muitos olhares e, dessa forma, gera nos ouvintes humores e sentimentos variados, bons e ruins. Ainda mais, se aquilo que se fala é desordenado. Essas energias são direcionadas ao mago com olhares, palavras e atitudes e se ele não tem a habilidade de dissipá-las, como é bastante frequente, está em grande perigo, submetendo-se às vontades dos outros. Será, pois, necessária esta mudança de comportamento: ser reservado e sutil nas conversas e nas encrencas. Isso não significa ficar mudo e não dizer sequer uma palavra, mas sim, escolher com cuidado aquilo que será dito. É um processo, uma prática.

          Se falamos de mais, nossas palavras perdem todo seu poder. Porque só pode ser notado aquilo que não é frequente, como uma grandiosa árvore que cresce solitária no topo de uma colina, sob a qual os namorados vão se encontrar para admirarem o derredor. Assim é com nossas palavras: só surtem efeito se são circundadas pelo silêncio, pois somente assim são relevantes. Utilizar-se bem das palavras é um dom e uma arte. Busquemos sempre o aperfeiçoamento da arte da fala na literatura e poesia clássica, com leituras leves e difíceis, procurando distinguir os significados e a origem das palavras. A magia das palavras é inseparável da magia do silêncio.

          O barulho, a conversa fútil, a musica desagradável e tudo o mais que vale menos que o silêncio deve ser evitado. Saibamos distinguir o que vale a pena ser visto e ouvido. A sociedade em que vivemos elogia o tipo extrovertido e vê o introvertido como uma figura doente. Esperam que você seja mais um extrovertido e existe pressão para que você se conforme ao padrão. Existem pessoas, que, de fato, foram dotadas do carisma. A facilidade que possuem para estabelecerem laços sociais é natural. Mas para boa parte das pessoas, não é natural essa habilidade e forçá-la, para atender as demandas dos outros, só trás aflição e sofrimento. Fazer aquilo que esperam de você, é ser dominado. Dominar a si mesmo para servir aos desígnios dos outros é estar bem longe do domínio de si.

         Para criar e transformar, necessitamos purificar, isto é, livrar-se daquilo que está em nós sem o nosso consentimento ou que foi consentido más que em nada irá contribuir para o objetivo almejado. O silêncio é uma dessas purificações tão oportunas da magia.




quinta-feira, 21 de maio de 2020

O que é magia?

          Por magia, podemos entender todo o poder de transformação interna e externa que possuímos. Trata-se da possibilidade de alterar o estado de coisas seja na realidade subjetiva (a consciência) ou objetiva (o mundo material). Em resumo, magia é potencial de mudança e atualização da mudança. Todos nós seres humanos temos este potencial em alguma medida e a maioria de nós não utiliza esse poder de modo consciente e suficiente, não usufrui dele como poderia.

          O mago, entretanto, é aquele que se torna consciente do poder de que dispõe, descobrindo sua natureza divina e seu poder de criação e transformação: a magia pura, energia que cria e move o mundo está dentro de nós. Sua fonte originária é o Universo (lembremos que a natureza é suprema na arte da mudança e na criação de variadas formas) e como somos parte dele, manifestamos este poder naturalmente, porque somos o Universo por participação. Quando se chega a esse conhecimento, as possibilidades se ampliam. É aí que começamos a nos tornar nossos próprios mestres e iniciamos a construção de um mundo novo ao nosso redor, conforme o idealizamos. Aprimorar o uso da magia, através do conhecimento e da prática é a condição de toda essa transformação almejada.

          Mas não basta saber que a magia existe, e procurar dominá-la a todo custo em prol aspirações egoístas. A procura e o cultivo da sabedoria acompanha o mago por toda sua vida e o beneficia grandemente. A sabedoria, ajuda a entender melhor o que é magia, como funciona e pra quê serve, além de nos ajudar a distinguir entre o egoísmo pernicioso e o egoísmo inofensivo. Podemos utilizar a magia para conseguir algo que queremos? É claro! Mas o egoísta simplório que vive escravo de todos os seus desejos jamais conseguira tais feitos. Este, nem com toda a magia do mundo, se dá por satisfeito e jamais encontra paz. É necessário ascender a um egoísmo superior, para tirar algum proveito da magia.

          A magia é o aprimoramento pessoal; a transformação das coisas; a transmutação de pensamentos, emoções, hábitos e de sentimentos. É o exercício de um controle relativo (relativo por ser limitado) sobre a vida e a realidade. Antes de manifestar-se externamente, a magia precisa ser sentida e manifestada internamente, pois toda transformação de que somos capazes parte de nosso interior. É uma força sutil capaz de efeitos magníficos e extraordinários, algumas vezes considerados sobrenaturais, por conta dos limites do entendimento humano. Um dia, aquilo que parece absurdo pode ser que seja compreendido e explicado, como aconteceu com muitas coisas na história da humanidade. O magnetismo, a eletricidade, e até mesmo a misteriosa força da gravidade, outrora fenômenos inexplicáveis e misteriosos, são, até certo ponto, compreendidos hoje. Contudo, não nos deixemos enganar pela ideia soberba e ilusória de que o conhecimento é ilimitado e onipotente. Pelo contrário, chegar a verdade absoluta, é impossível, seja pela lógica, pela evidência ou pela crença. No entanto, não desperdicemos o conhecimento de que somos capazes, sem o qual, a magia é um poder inútil.

quarta-feira, 20 de maio de 2020

Sobre a questão do sentido ou não-sentido da vida.

O ser humano em sua existência, é um ser que precisa encontrar fundamento para suas ações, precisa definir o porquê de sua existência, pois ela, nela mesma já se evidencia absurda. Viver, comer, beber, chorar, trabalhar, estudar, murmurar e a morte ao fim. Quanto nos deparamos com a futilidade da manutenção da vida, com o horror que a permeia e com o nosso certificado de seres mortais, carecemos de um proposito maior para a existência.


Algumas pessoas encontram sentido na vida, e em grande parte das vezes o colocam além deste mundo que experienciamos, pois julgam que o nosso mundo em si mesmo não tem sentido em si mesmo; ou quando colocam o sentido neste mundo que nos é dado pelos sentidos, vivem para a riqueza, para a autoestima, para as delícias dos livros de receitas, ou para outros tipos de prazeres corporais; mas também, ainda entre esses que pensam que a vida tem sentido, há os que vêem este sentido na contemplação da natureza e da arte, ou na compaixão e no carinho mútuo entre estes seres miseráveis que são os seres humanos.



Outras pessoas assumem a falta de sentido da existência e algumas delas por isso perdem a cabeça, porque realmente precisavam de um sentido, mas outras escolhem a vida porque já haviam superado a questão do sentido – simplesmente vivem. Não vejo problema em pensar que a vida tem ou não sentido, pois são dois caminhos possíveis. As experiências são determinantes para a ideia que as pessoas constroem sobre a vida.



Um acontecimento repentino, inesperado, pode ser interpretado tanto como um sinal do sentido da existência, como da sua falta de sentido. Por exemplo: Se um homem recém-casado encontra a sua esposa morta no banheiro, não terá dúvidas de que a existência não faz sentido, na maioria dos casos. Pois ele imaginou que seria feliz, mas o destino não permitiu – ele se sente impotente frente a vida. Entretanto, outro homem, que andando pela calçada com fome e sem dinheiro encontra na calçada 20 reais, logo pensa que há uma força divina a seu favor; enquanto aquele que perdeu estes 20 reais, não consegue embarcar no ônibus e é obrigado a dormir na rua e na mesma noite apanha de policiais. O sentido ou não-sentido da vida depende grandemente das nossas experiências e da nossa percepção da realidade.

Sabedoria, filosofia e ideologia

É fundamental que diferenciemos filosofia de sabedoria de vida e de ideologia. A filosofia, podemos definir como uma reflexão crítica sobre a realidade, um questionar-se que surge da inquietação do ser humano perante a sua existência. Para satisfazer essa busca por respostas, o filósofo concebe conceitos com fundamentos racionais (lógicos) e aceitáveis em termos de evidência.
A sabedoria de vida, seria algo mais relacionado com os saberes práticos que nos ajudam a levar uma vida melhor, a partir de nossas experiências anteriores. A filosofia pode contribuir com a sua sabedoria de vida, na medida em que você integra conceitos filosóficos nas suas ações do dia-a-dia.
A ideologia, dentre os seus vários significados, refere-se a um conjunto específico de ideias que um indivíduo defende, sendo que este indivíduo pode assumir tais ideias de maneira refletida ou não.

A possibilidade do infinito microscópico

O conceito de átomo, foi originalmente cunhado por Demócrito na filosofia pré-socrática, em um tempo muito anterior à química moderna. Esta palavra, no grego significa literalmente o "não-divisível": 'a' 'tomos'. Demócrito, um dos primeiros materialistas, chegou nesta conclusão perguntando-se pela constituição das coisas físicas, dos objetos concretos. Se eu pensar em uma rocha, posso dividi-la ao meio, posso pegar uma destas metades e novamente dividi-la, novamente pego uma destas metades e outra vez a divido, e assim sucessivamente. O problema é que este procedimento de divisão, de acordo com a racionalidade grega, não poderia ocorrer infinitas vezes e deveríamos esbarrar em um objeto absolutamente pequeno (se isto nos fosse possível), o qual não poderíamos dividi-lo. As pesquisas científicas demonstraram que os átomos, anteriormente os componentes elementares das coisas (elementos químicos) não são verdadeiramente a-tomos, pois são compostos por prótons, elétrons e nêutrons, sendo os prótons e nêutrons as partículas que compõem o núcleo dos "átomos". Os prótons e nêutrons, também são compostos por partículas, são os quarks e gluons. E o que é mais assustador: 99% do tamanho dos átomos é puro espaço vazio. E aí vem a pergunta: "do que são compostos os quarks e gluons? Bem, existe uma teoria científica que afirma que os menores componentes da matéria seriam as cordas, que vibrando em uma certa frequência produzem o nosso universo. Mas o impasse, ao qual eu queria levar com este texto é o seguinte: Um dos atributos essenciais da matéria é a extensão (como observado por diversos filósofos modernos), isto é, as dimensões espaciais. Sempre que eu me proponho à pensar "o menor objeto possível", o mais elementar, eu sou levado a imaginar intimamente conectado à ele a extensão - penso ele com algum tamanho. Bem, toda a extensão, pode ser dividida ao meio e isso nos leva à inacreditável ideia de que o espaço microscópico é infinito e não podemos pensar o menor ponto possível. Sempre haverá como amplia-lo e vê-lo composto por inúmeros outros pontos.

Chamemos isto de "O Insolúvel"

Natureza bela, natureza hostil!
Vida trágica e vida desejável.
Pobre homem que vive entre a crítica e o desejo de paz.
Estás condenado a ficar entre o céu e o inferno pelos restos dos teus dias, vendo em tudo podridão e beleza.
O que virá depois, nem os mais sábios podem prever.
Que tipo de sabedoria será útil? Que tipo de sabedoria será verdadeira?
Que deves fazer? Será que tua ação é significante?
Um dia um homem poupou a vida de uma serpente, por piedade, compaixão ou coisa assim. A serpente, porém não poupou a vida de seu filho que foi se aventurar na relva.
Que é o bom? Que é o mau?
Quem dita o jogo? razão ou coração?
Malícia e inocência. Interesse e desinteresse.

A religião é um mal?

Ter uma religião pode me fazer mal? Eu diria que sim, e muito. Pois se uma religião te leva a ter ódio de outras pessoas, ela te faz mal. Se uma religião prega que você é melhor que os outros, ela te faz mal. Se uma religião te leva a ser preconceituoso, ela te faz mal. Se uma religião te impede de pensar e de ter suas crenças particulares, ela arruinou a sua liberdade. Se uma religião não permite que você leia certos livros ou assista certos filmes, ela está te fazendo mal. Tirou a sua escolha, te impede de experimentar e concluir por si mesmo. Se uma religião te dá respostas muito fáceis para os grandes porquês da vida, ela pode estar apenas te consolando, confortando, apaziguando, mas talvez não esteja dizendo a verdade. Isso porque você pode confiar em uma tímida verdade, perola de muitos sábios: Não sabemos de nada deste universo. O grande porquê não é respondido em qualquer esquina e sequer nas mais sofisticadas universidades. Se uma religião limita as suas escolhas, faz você ter medo e culpa por existir, te impede de amar, e mata a sua curiosidade, eu receio que ela não seja um bom caminho.